segunda-feira, 21 de maio de 2012

José Gil

Para a Aida

O que é que a criança faz quando se identifica com um pássaro ou com uma árvore? Imagina que é um pássaro e voa? Projecta-se na árvore? Falta qualquer coisa a estes verbos. Não dão conta da experiência em causa. Separam demasiado o menino e o pássaro, o menino e a árvore, como se tudo se limitasse a um jogo de faz de conta, imaginado por um terceiro. Algo de mais profundo se passa: uma transmissão de micro-partículas entre o menino e a árvore, entre o menino e o pássaro. Linhas de fuga. Um devir-pássaro e um devir-árvore. Porque quando brinca a ser pássaro, a criança voa!